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Preciso me posicionar? Posicionamento político de marcas nas eleições

Se você tem uma marca, aposto que em algum momento nos últimos tempos você se perguntou: preciso me posicionar?


Posicionamento político virou uma cobrança e eu não tiro a razão, mas para responder essa pergunta, vou precisar de mais algumas linhas com você. Afinal, construir um posicionamento - que sempre será político - exige um pouco de reflexão.


Para começar esse texto, eu perguntei como vocês se sentiam, enquanto marcas, sobre se posicionar a respeito das eleições, lá no nosso Instagram. As respostas foram as seguintes:


  • "Agoniada"

  • "Sou meio contida, às vezes falo sobre o que defendo mas não abertamente sobre políticos e voto"

  • "É um problema evitar o assunto de forma direta?"

  • "Acho um dever nosso como ser humano se posicionar num momento tão difícil assim"

  • "Me expressei, as coisas saíram do controle, stories bateram muitos views e perdi seguidores"

  • "Insegura entre meu posicionamento pessoal e a neutralidade partidária"

  • "Comprometida a evidenciar como uma gestão progressista do estado fomenta nosso desenvolvimento"


Vou ser sincera com você agora. Preste bem atenção.



1. Não se posicionar é algo que nem todo mundo pode fazer.


Quem precisa de mudança, quem é diretamente afetado pela política, não tem sequer o direito de se posicionar. Você não pode deixar de se posicionar quando a sua própria sobrevivência é um posicionamento e ação política constante.


Essa é a realidade da população que vive nas periferias, que não tem segurança no trabalho, inclusive empreendedores, ok?


Com isso, acaba sendo necessário que todos dialoguem sobre a política e, por isso, se posicionem sobre o que acreditam, o que defendem e o que querem para o país. Afinal de contas, se você não fala sobre o que acredita e o que defende, você fala sobre o que mesmo? Construa o que você deseja com a voz que você tem.


2. Política vai além das eleições, é preciso falar sobre decisões e direções políticas o tempo todo.


É provado pela história que quando se deixa de debater sobre a forma como as coisas são feitas, a coisa degringola e a própria democracia entra em risco, porque a nossa liberdade e nossos direitos não estão garantidos para sempre.


Existem grupos (elite brasileira) interessados em desmantelar os direitos que demoramos anos para conquistar. Eles detém o dinheiro e a máquina para fazer isso, o que nós temos é a articulação popular. Não podemos subestimar os movimentos políticos e é preciso aprender a observar o caminhar das coisas.


A violência aumentou, a sensação de segurança diminuiu, os preços dos alimentos estão nas alturas, e eu tenho certeza que você precisou repensar sua esteira de produtos porque a matéria-prima está caríssima, ou estou errada?


Sei disso porque convivo diariamente com pequenos empreendedores e empreendedoras que lutam para manter aquilo que construíram, enquanto vêem o desmonte da educação, da saúde e da segurança acontecerem na própria frente. Eu sei, não é fácil, mas não há espaço para derrotismo.


3. Fake news não se combatem sozinhas.


Em momentos decisivos e conturbados como é essa eleição, onde existe muita fake news (é bizarro, até já fiz um vídeo sobre isso, clica aqui para ver) e manipulação das pessoas, é fundamental que existam pessoas, grupos e, por que não, marcas trabalhando em função de esclarecer, difundir conhecimento e conversar com as pessoas sobre o que é verdade e o que é mentira.


O tom de julgamento, desprezo ou indiferença não colabora em nada, afinal de contas, somos todos interdependentes uns dos outros.


Empresas, pessoas, estado, tudo isso está conectado na realidade. Eu sei como é difícil dialogar com pessoas que pensam diferente, que são resistentes, mas isso é um exercício diário para todos os cidadãos.


4. Negócios conscientes não são vitrines bonitas, são agentes de mudança.


No nosso compromisso de sermos conscientes sobre a realidade e gerarmos impacto positivo, isso se torna ainda mais necessário.


O impacto positivo não pode ser apenas no bolso do dono da empresa, mas sim em toda a sociedade. Definir sua posição no meio de toda essa história é construir impacto positivo no todo também.


Entretanto, eu compreendo as diversas posições dentro desse jogo e existem situações que precisamos levar em conta quando definimos como será o nosso posicionamento.


Como, por exemplo, pessoas que tem como base de clientes a maioria bolsonarista (que, no nosso caso, é adversário político). Muitas vezes não há compreensão do seu posicionamento enquanto marca e, para não deixar de vender e ter o seu sustento, você se abstém - e você não é culpada por isso.


Contrapontos importantes:


Cautela e intencionalidade no posicionamento.


Você não precisa ser excessivo e repostar tudo que ver, especialmente no seu perfil profissional, empresa ou marca pessoal.


Vale mais a pena conduzir reflexões com o seu público e, através dela, motivar conversas e mudança de postura, do que flodar (encher o feed dos outros) de conteúdos que ninguém vai dar a mínima.


Se posicione de verdade e de forma firme.


Uma marca consciente não dá apenas indiretas, não se mantém somente nos acenos. Ainda mais quando é um momento crítico.


O que eu sugiro é que você foque e justifique o seu posicionamento com temas que se relacionam com o cerne do seu trabalho. Por exemplo:


Uma empresa de educação deve falar sobre os cortes de investimentos nas universidades e o impacto real disso na educação do país.


Uma empresa de foco ambiental deve falar sobre os índices assustadores de desmatamento na Amazônia e a comparação com os índices passados, para demonstrar a preocupação atual e as condições do futuro.


Uma empresa que atende o público feminino deve falar sobre a violência física e política sobre as mulheres, o machismo e patriarcado crescentes no país e quais propostas de mudanças temos disponíveis na mão.


Especialmente empresas que têm como foco central o Brasil, por estética ou cultura. Empresas cheias de gingado, brasilidade, que se apropriam desses símbolos brasileiros e não se posicionam em defesa da diversidade do país, fica complicado...


Entende o que eu quero dizer?

O seu posicionamento pode partir do que você vivencia ou percebe e, de preferência, com bons dados, um conteúdo embasado e com uma postura firme e clara.


Quando você se posiciona desde sempre, falar sobre política no período eleitoral não é uma surpresa para o seu público, na verdade, é o que as pessoas esperam de você.


Por isso, empresas que têm como foco impacto socioambiental positivo, devem sempre se posicionar, do jeito que testarem e considerarem mais eficiente.


A intenção pode variar, mas em cenários como o que enfrentamos hoje, é mais do que chocar ou afastar haters e sim mostrar possibilidades melhores para o futuro da nação, defender a democracia e os direitos que conquistamos.


Algumas pessoas não vão gostar, vão deixar de seguir, vão responder com suas opiniões ou vão levantar xingamentos. Outras vão se aproximar mais ainda, vão confiar na tua palavra, vão propagar a mesma mensagem, vão criar uma rede forte e base sólida com você e a sua marca.


O que você quer?


Uma relação frágil e instável com a sua audiência ou uma relação confiável e duradoura, onde todos podem se expressar, dialogar e ser ouvidos?


O caminho quem define é você. A comunicação da sua marca é a sua decisão. Existem muitas maneiras de se posicionar.


Você pode usar uma cor de roupa.

Você pode falar sobre os temas.

Você pode dizer em quem vota.

Você pode dizer em quem não vota e por quê.


O que eu não recomendo que você faça é não fazer nada.


Além do mais, a coisa mais estranha que tem são marcas ou profissionais que falam de coisas completamente aleatórias ao tema central da sociedade brasileira no momento.


O Brasil está pulsando política e tem pessoas que estão falando de algo completamente irrelevante, aleatório, simplesmente para não se posicionar. Muitas dessas pessoas te vendem produtos e ideias consumistas o tempo inteiro. Reflita e dê unfollow.


O posicionamento, para reverter votos para o lado da democracia e defesa popular, precisa ser feito de todas as formas possíveis. É trabalho social, gente.


Contar histórias, desmentir fake news, falar sobre propostas, projeto, esperança, falar sobre o que deu ruim, tudo vale. Quanto mais gente falando, mais consciência, mais força, mais poder popular!


Foco, calma e força. Venceremos essas eleições, sairemos dessa mais fortes, mais unidos e conscientes. Por aqui, votaremos 13, Lula. Te convido a votar também.

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