O que torna uma marca sustentável?
- Késsile Tanski
- 23 de abr.
- 5 min de leitura
Sustentabilidade virou pilar essencial para marcas que buscam não apenas sucesso financeiro, mas que estão interessadas em gerar um legado positivo a partir daquilo que fazem. Uma marca verdadeiramente sustentável integra práticas que equilibram os aspectos ambientais, sociais e financeiros, garantindo operações éticas e responsáveis.
Neste artigo, vamos aprofundar nos componentes fundamentais que definem uma marca sustentável, com exemplos práticos e fontes confiáveis para quem quer sair do discurso e ir para a ação.
Matéria-prima: de onde vem, quem produz e qual impacto gera?

A escolha dos materiais utilizados na criação de um produto é um dos primeiros indicadores de sustentabilidade.
Um case que é referência no mercado de moda calçadista é a Veja. A marca franco-brasileira desde 2004 produz tênis sob uma perspectiva diferente, conectando projetos sociais, justiça econômica e materiais ecológicos. Entre estes materiais estão o algodão orgânico e a borracha da Amazônia, comprada diretamente de cooperativas locais. Inclusive, o preço final pago por quilo de CVP (borracha semi processada) é 3.5 vezes maior que o preço de mercado.
Essa escolha em investir numa matéria-prima tão mais “cara” tem motivações muito claras. A Veja pegou para si o compromisso de aumentar o valor econômico da floresta para protegê-la.
E tem mais… a Amazônia é o único lugar na Terra onde as seringueiras crescem em estado selvagem.
Além do comprometimento com o meio ambiente, a Veja também garante o sustento de mais de 1,2 mil famílias, representadas por diversas associações que fazem parte do projeto.
Todo esse engajamento social, ambiental e econômico é comunicado com muita clareza em seus canais, o que motiva consumidores a investirem uma média de R$700,00 por um par de tênis Veja.
Produção sustentável: durabilidade faz parte
Não adianta dizer que um produto é ecológico se ele quebra em poucos usos. Sustentabilidade também tem a ver com durabilidade.
Marcas como a Patagonia testam seus produtos em condições extremas para garantir vida longa.
Além disso, trabalham com reparo gratuito, reforçando o conceito de consumo consciente. Produzir menos, com mais qualidade, reduzir resíduos e respeitar os recursos naturais.
O comprometimento com o meio ambiente está tão arraigado no negócio que, em 2022, o fundador da companhia, Yvon Chouinard, transferiu 100% das ações da empresa para um fundo destinado a combater a crise climática, garantindo que todos os lucros futuros sejam utilizados nessa causa.

Embalagens e logística de uma marca sustentável: o caminho conta (e muito)
Muito antes da moda do refil pegar, a Natura já oferecia essa opção como forma de reduzir o descarte de embalagens inteiras. Um frasco de refil da marca pode gerar até 97% menos resíduos plásticos em comparação ao produto tradicional, segundo dados da própria empresa.
A Natura também foi pioneira no uso de plástico de origem vegetal (feito da cana-de-açúcar) nas embalagens. Esse material é 100% reciclável e ainda captura CO² da atmosfera no processo de produção, contribuindo para a redução de emissões.
As embalagens dos produtos da marca são desenhadas com foco na economia circular, ou seja, para serem reutilizadas ou recicladas com mais facilidade. Ainda há investimento em logística reversa, no incentivo aos consumidores a devolverem frascos usados nos pontos de venda.
A Natura estabelece metas claras e públicas em seus relatórios de sustentabilidade. Uma delas é que 100% das embalagens sejam reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis até 2030. E o melhor: boa parte dessa meta já está em andamento.
Relacionamento com o cliente: coerência e escuta
A Raízs é um case de empresa que busca se comunicar de forma genuinamente humanizada, com foco em transparência, afeto e conexão real com o cliente.
A marca apresenta os produtores com nome e história, explica os preços com clareza e mantém uma linguagem leve e educativa em todos os canais.
Seja no site, nas redes sociais, no atendimento via WhatsApp ou nos e-mails, o tom é sempre coerente: próximo, respeitoso e centrado em propósito, criando uma experiência de marca coesa e confiável.
Em casos em que surgem problemas, como atrasos ou produtos com avarias, a gestão da Raízs busca responder com agilidade, empatia e soluções reais. O atendimento não usa scripts frios: é humano, direto e gentil, buscando não só resolver o problema, mas também fortalecer a relação com o cliente. Esse cuidado faz parte da cultura da empresa, que enxerga cada ponto de contato como uma oportunidade de criar confiança e manter uma comunidade engajada e satisfeita.

Sustentabilidade financeira: permanência com propósito
Falar em sustentabilidade financeira é falar de permanência com propósito. É entender se o retorno financeiro do negócio é suficiente para mantê-lo vivo sem a necessidade constante de recursos externos. E, se esses recursos ainda são necessários (seja dinheiro pessoal, empréstimos, editais ou apoio familiar), o importante é reconhecer de onde vêm, como estão sendo usados e o que isso revela sobre o atual modelo de negócio.
É um diagnóstico honesto: o que entra cobre o que sai?
Existe margem de segurança?
Você está vivendo ou apenas sobrevivendo para manter a empresa em pé?
Além disso, negócios verdadeiramente sustentáveis não apenas se mantêm, eles se regeneram.
Isso significa reinvestir parte da renda em melhorias reais: formação para quem trabalha com você, ferramentas melhores, consultorias estratégicas ou até momentos de cuidado coletivo. Essa regeneração também passa por uma gestão essencialista: revisar custos, simplificar processos e encontrar formas de entregar mais valor com menos desperdício.
Tudo isso sem abrir mão da qualidade, da alma do projeto e, principalmente, do bem-estar de quem faz o negócio acontecer.
Por fim, é preciso ressignificar o lucro. Ele não é vilão, é o que permite respirar, inovar, pausar. Sustentável, no sentido mais completo, é aquilo que não deixa nada (nem ninguém) para trás: nem você, nem a equipe, nem o impacto que deseja gerar.
Lucro com consciência é o combustível para continuar existindo com consistência, sem esgotar seus recursos mais valiosos: humanos, emocionais e criativos.
Recapitulando as bases para a sustentabilidade:
- Retorno financeiro real: o negócio se paga?
- Fontes externas de recurso: se existem, são temporárias ou estruturais?
- Reinvestimento consciente: o dinheiro volta pro solo que te sustenta?
- Essencialismo estratégico: dá pra simplificar sem empobrecer?
- Lucro com propósito: liberdade, não ganância.
- Bem-estar de quem sustenta o negócio: prioridade, não consequência.
Deu pra captar um pouco sobre o que envolve o conceito de sustentabilidade em um negócio?
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